domingo, 14 de abril de 2013

Memórias e Saberes: Registro Construtivo e Coletivo na Vivência Teatral


A persistência do tempo, de Salvador Dali

Em momentos de intensa criatividade, nossa memória pode falhar e quebrar a continuidade da linha de transmissão do texto verbal da peça. Esta preocupação de lembrar-se das palavras, quando um ator está inseguro de si, priva-o da capacidade de entregar-se livre e inteiramente à intensidade de seu espírito criador. Ter boa memória é um requisito fundamental para um ator, já dizia Stanislavski. Em “Memórias e Saberes: Registro Construtivo e Coletivo na Vivência Teatral”, oficina que será coordenado pela filósofa e diretora teatral Jocélia Kaffer no seminário Teatro e Teatralidade: Conversas e Convergências, irá discutir o resgate da memória afetiva no processo de desenvolvimento pessoal do ator, para a valorização de sua história em busca de formação técnica e excelência profissional.

“Nossa arte deve ter uma linha integral e contínua, que provém do passado, atravessa o presente e vai para o futuro. Só quando um ator chega a uma compreensão mais profunda de seu papel e a uma visualização de seu objetivo fundamental é que emerge, aos poucos, uma linha que podemos chamar de um todo contínuo,” acrescenta Stanislavski.
Jocélia Kaffer só é pequena. Mas, possui vasta experiência em pedagogia teatral; atriz, diretora, dramaturga, escritora, poetisa, contadora de histórias, educadora sociocultural, diretora técnica de produção; diretora do Departamento de Arte e Cultura do MEPI - Movimento de Educação e Promoção Social de Ilhéus, onde vem exercendo ações socioculturais no município de Ilhéus desde 1994; ex-diretora cultural do Conselho de Entidades Afros de Ilhéus; ex-diretora de cultura do Dilazenze; conselheira do CMDCA – Conselho Municipal da Criança e do Adolescente; articuladora cultural e autora dos espetáculos “O Sussurro do Clitóris” e “Fala Poética do Clown” foi atriz e assistente de produção do Núcleo de Artes da Universidade Estadual de Santa Cruz durante cinco anos.

Agora, está a frente deste novo desafio: apontar o caminho construtivo e coletivo na vivência teatral. Para isso, terá como pano de fundo a memória, principal responsável quando nós, diretores e atores, estamos em momentos de intensa criatividade. E, também, os saberes. A experiência é um elemento indispensável ao bom andamento do trabalho. E, esta só se adquire na vivência. Isto significa que memória, experiência/saber e vivência formam um triplé capaz de dar sustentação ao trabalho do ator.
A experiência faz com que o ator/atriz rememore nos mínimos detalhes algum fato que no passado tenha impressionado sua emoção. Isto faz com que provoque em si novamente emoções similares àquela sentida originalmente. “Desta forma, o ator pode então fazer com que sua memória reviva as sensações que teve outrora”, diz Stanislavski em seu livro “A Preparação do Ator.” Ele ainda afirma que a memória tem a capacidade de aprofundar as impressões emocionais, tornando-as, então, fonte inesgotável do trabalho do ator. O tempo é um esplêndido filtro para os nossos sentimentos evocados.

É claro que a memória por si só não transformará o ator. Mas, “uma variedade infinita de combinações de objetivos e circunstâncias dadas que você terá preparado para seu papel e que foram fundidas na fornalha da sua memória de emoções.”

A oficina “Memórias e Saberes: Registro Construtivo e Coletivo na Vivência Teatral”, será realizada no Seminário Teatro e Teatralidade: Conversas e Convergências, dia 26 de abril, das 16:00 às 20:00 horas, na Universidade Estadual de Santa Cruz, com apoio institucional da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Secretaria de Cultura do Estado e Governo do Estado da Bahia. Apoio do SEBRAE e da UESC. 

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